Não é de hoje que a ciência descobriu os benefícios da própolis, essa substância natural extraída da resina das abelhas. Com propriedades anti-inflamatórias, imunomoduladoras, anticâncer e antioxidantes, o extrato de própolis é um valioso aliado na busca por uma vida mais saudável e plena. Porém, as vantagens não param por aí!
Estudos clínicos apontam que a própolis também possui efeito antiproteinúrico em modelo experimental de Doença Renal Crônica (DRC). Complicou? A gente explica melhor. Essas pesquisas mostram que a substância pode ser usada como tratamento complementar para pacientes que realizam hemodiálise.
Segundo artigo divulgado pelo jornal da Society for Applied Microbiology, a própolis verde etanólica apresenta melhores atividades antimicrobianas e antioxidantes em comparação a outros extratos. Essas atividades podem estar relacionadas à presença de Artepelin C em sinergia com os outros constituintes dos extratos.
Principais estudos e seus resultados
A progressão da DRC pode ocorrer através da perda de proteína na urina e pelo aumento do mecanismo de inflamação. A redução de ambos os sintomas é clara em pacientes que consomem própolis, como explica Marcelo Augusto Duarte Silveira, nefrologista do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina (FM) da USP e participante do Grupo de Insuficiência Renal Aguda e Hemodiálise:
“Avaliamos 32 pacientes. Percebemos um resultado muito positivo, com redução do marcador inflamatório e uma menor perda de proteína, evitando que 40% de proteína fosse perdida. No início eles perdiam cerca de 1.000mg/dia. Ao final de 12 meses passaram a perder cerca de 600mg/dia”.
Desenvolvido em parceria com a Apis Flora de Ribeirão Preto, em 2015, o estudo utilizou com base de padronização o extrato de própolis verde – um dos 13 tipos de própolis existentes no Brasil – por meio do consumo através de comprimidos.
Um estudo randomizado, duplo-cego e controlado por placebo, realizado pela National Library of Medicine, apresentou resultados similares. Na pesquisa, o extrato de própolis verde brasileiro foi considerado seguro e bem tolerado, além de reduzir significativamente a proteinúria em pacientes com Doença Renal Crônica diabética e não diabética.
A proteinúria é um marcador reconhecido para acompanhar a progressão da DRC. O estudo Effects of Brazilian green propolis on proteinuria and renal function in patients with chronic kidney disease avaliou que pacientes toleram bem o extrato da própolis verde e que seu uso é seguro para uma redução significativa da proteinúria.
Todos esses resultados revelam um cenário positivo no uso da própolis como “tratamento coadjuvante”, não apenas da doença renal crônica, como da diabetes e da pressão alta. A substância age em uma via em que as medicações tradicionais não agem, imunomodulando um fator de transcrição dentro do núcleo da célula que produz localmente marcadores inflamatórios.
Fonte: Artigo 1 | Artigo 2 | Jornal USP